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Mensagem por Elisa Gilbert Seg Out 12, 2015 9:32 am

Um conto de fadas sempre possui três etapas clássicas que o classificam como um conto: um início, um meio e um fim. O desfecho se dá pela felicidade desregulada de todas as personagens e, em suma, com a falha declaradamente gritante da figura antagonista. Este diário, então, não pode ser um conto de fadas.
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Mensagem por Elisa Gilbert Seg Out 12, 2015 11:04 am




chapter one, 01.01.498
Diante de mim estava grande parte da população neozelandesa. Minha expressão não demonstrava afeto por qualquer gesto amistoso apresentado por um assíduo da ocasião. Preferia que tudo fosse rápido e que pudesse sair dali de uma vez. Nunca quis herdar uma nação inteira para governar. Nunca quis nascer. Apesar de tudo, ali estava eu, forjando um sorriso. Durante meus vinte e três anos, tudo não passou de uma farsa. Sempre soube que haviam me escolhido à dedo em um orfanato qualquer; ninguém queria uma criança aberrativa senão uma família aberrativa. A corte estava corrompida e, desde que saí dos meus aposentos no lar de adoção, me auto-incumbi da missão de limpar toda a sujeira feita por gerações. Em cinco minutos, eu faria meu vigésimo quarto aniversário e, enfim, teria o necessário para cumprir meu destino.

Um passo e eu me tornei o centro das atenções. Conseguia sentir o peso dos olhares ansiosos por minha pronúncia. Eu esperei pacientemente. Contei os segundos tilintando os dedos no mármore que me mantinha em pé enquanto minhas pernas estremeciam, quase me pondo de joelhos no chão.

Duzentos e noventa e oito. Duzentos e noventa e nove. E meus ossos estralaram. Minhas pernas se curvaram e eu desabei. Mãos se enlaçaram por meus ombros e antebraços, reestruturando meu equilíbrio e, tão breve quanto me levantei, ouvi o barulho de mais ossos estralando. Filetes de sangue formavam uma enxurrada nas minhas costas, umedecendo todo o vestido de seda. Algumas penas passaram diante dos meus olhos e as tomei como um conselho. Ergui a cabeça, me mantendo impávida diante da minha nação.

Os gritos de horror e pânico não demoraram para aparecer. Eu não me importei com as reações da população diante de mim, a mais jovem rainha de toda Nova-Zelândia. Pelo sangue, certamente, eu não herdaria o arquipélago. Posso dizer que fui agraciada pela sorte do destino. Ou pela esperteza.

Não tardou muito para que as pessoas atrás de mim tombassem no mármore polido da sacada do palácio. Minha mãe adotiva, rainha Georgina, foi a única que desabou de vinte metros de altura. O baque de seu corpo se remoendo nos jardins foi o estopim para restaurar o silêncio por alguns segundos. Com a asfixia representada por um pedido de socorro suprimido pela ausência de ar, os governados retornaram à algazarra guinada pela mediocridade e pela falta de pudor. Eu os ensinaria a se portar diante de uma rainha.

chapter one, 12.12.497
— Um brinde à rainha! — erguendo minha taça, eu disse, instigando um sorriso nos lábios artificiais da minha mãe. Em veracidade, ofereci o brinde a mim.

Ouvi o cristal se chocar com o cristal incontáveis vezes e aguardei todos beberem o champanhe. Sempre fui excêntrica e, por isso, optei pelo vinho. Quando observei a realeza uma segunda vez, suas taças estavam vazias. Faltavam poucos minutos para que eu pronunciasse meus vinte e quatro anos para todo o país e, de fato, estava apreensiva. Antes de me levantar, ajustei as alças finas do vestido sereia nos braços e afunilei o decote, o deixando ainda mais abusivo.

Meu sorriso se alargou quando as taças se depositaram sobre a mesa. Meus passos ecoaram por todo o salão comum enquanto me encaminhava nas diretrizes da sacada, seguida por quase toda a realeza — pelo menos a parte relevante me acompanhava. Em pouco tempo, todos estariam eliminados do meu caminho para sempre; não optei por vinho por puro gosto pelo sabor da uva fermentada. Foi a única maneira de conseguir não cair no próprio golpe estatal. O champanhe foi embebido em veneno.

Forcei um sorriso nos lábios e atravessei o portal, sentindo o frio permear a pele nua acima do meu busto. Meus cabelos se rebelavam pelos ares, desprendendo do coque com o vento violento. As juntas das minhas mãos estavam brancas de nervosismo. Nunca fui muito boa em exposição pública e, certamente, depois dali em diante, nunca mais teria uma chance de ser.
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